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Chevron, a gigante do petróleo que já fez coisas muito piores que o derramamento de óleo no RJ.

Chevron, a gigante do petróleo que já fez coisas muito piores que o derramamento de óleo no RJ. Manifestante em frente à sede da C...








Manifestante em frente à sede da Chevron no Rio de Janeiro
Protesto contra vazamento de petróleo na Bacia de Campos, em Novembro de 2011


A californiana Chevron, fundada em 1879 como Standard Oil California, está entre as 20 maiores companhias do mundo. 


Logos da empresa Chevron ao longo de sua história

Fez parte durante a segunda metade do século XX do cartel de empresas petrolíferas que ficou conhecido como "Sete Irmãs", ao lado de gigantes como Esso, Shell, British Petroleum (BP), Mobil, Gulf Oil e Texaco (esta última adquirida pela própria Chevron em 2001).

"Sete Irmãs", as companhias petrolíferas que dominaram o mercado mundial por décadas


Hoje, o mercado fala em "Sete Irmãos"..
Na ordem: Arábia Saudita, Rússia, China, Irã, Venezuela, Brasil  e Malásia.


O auge de sua história aconteceu na década de 30, quando recebeu uma concessão do governo da Arábia Saudita para prospectar petróleo em seu território, e acabou descobrindo as maiores reservas até hoje conhecidas. Depois de algumas décadas operando no país do Oriente Médio, o governo saudita comprou toda a operação da Chevron em seu país no ano de 1980, criando a empresa governamental ARAMCO, a mais valiosa do planeta.



A empresa de petróleo saudita teve origem nas operações da Chevron
Foi ela que descobriu petróleo na Arábia Saudita, e mudou a geopolítica mundial

A suntuosa sede da Aramco em Dhahran, na Arábia Saudita

Hoje, as manchetes dos jornais e sites de notícias brasileiros repercutem o derramamento de óleo que as operações da Chevron provocaram na Bacia de Campos no RJ. O que a princípio parecia ser algo de pequeno porte e foi estranhamente tratado pela imprensa como algo de pouca importância começa a adquirir um porte bem maior do que se imaginava anteriormente.

A mancha de óleo no litoral brasileiro registrada pelos satélites
Danos maiores do que inicialmente informados

Porém, este não é nem o primeiro e nem o mais desastroso incidente envolvendo a Chevron nas últimas décadas...


Poço de óleo aberto no Equador
Legado do descaso da Texaco durante décadas

Foi a expansão para novos mercados durante o período de grande aumento da demanda na década de 60 que a Chevron iniciou o que seria o maior desastre ecológico causado por uma empresa petrolífera na história, que depois de anos sendo encoberto por empresários inescrupulosos e governos corruptos está vindo à tona com seus detalhes mais sórdidos, e por sua magnitude é chamado de "Chernobyl Tropical".

Em plena floresta amazônica equatoriana, o petróleo encharca o solo

Em 1964, a Chevron (então Texaco) descobriu petróleo numa região remota da floresta amazônica equatoriana, na localidade conhecida como "Oriente", onde tribos indígenas viviam totalmente isoladas da civilização.

Localização de Lago Agrio no Equador
A cidade foi construída pela Texaco a partir de 1964

Daí pode-se imaginar o impacto nestas tribos quando a Texaco começou a desmatar a densa floresta para montar seu campo de exploração, fundando a cidade de Lago Agrio (em homenagem à cidade onde a Texaco foi fundada nos EUA, chamada "Sour Lake").

Planta da Texaco na região de Lago Agrio em 1967

O governo equatoriano, animado com a oportunidade de receber royalties e impostos de uma grande corporação americana, deu carta branca para todas as ações da empresa. Porém, percebendo a inexistência de leis ambientais no país, em um local isolado, longe das câmeras e da população em geral, tomou a decisão de cortar quaisquer custos com tecnologias não poluidoras, e de forma sistemática, durante quase 30 anos, poluiu a região de forma avassaladora, sem nenhum cuidado.

Infográfico dos maiores desastres petrolíferos da história
A diferença é que estes não foram planejados, o do Equador sim...

Ao contrário do desastre do Exxon Valdez, que devido a uma falha causou o derramamento de mais de 1 bilhão de galões em um evento não programado, a exploração de petróleo no Equador foi concebida, projetada e operada durante décadas sem nenhuma preocupação ambiental, de forma totalmente consciente.

Mais um poço de petróleo deixado pela Texaco no meio da selva equatoriana
A estação das chuvas os inunda e espalha o óleo pela floresta

Numa área de floresta do tamanho da ilha de Manhattan, a Texaco escavou cerca de 350 poços, e ao deixar o país em 1992, deixou para trás mais de 1.000 áreas tóxicas à céu aberto. As chuvas tropicais encarregaram-se de inundar os poços abertos e espalhar todas as substâncias tóxicas e o óleo remanescente pelos rios e nascentes das quais mais de 30.000 pessoas dependiam para beber, cozinhar e pescar. 

Pântanos de Óleo...

Todos os processos utilizados pela Texaco no Equador eram ilegais nos EUA, e por não precisar fazer uma série de controles, o barril de petróleo produzido no Equador era cerca de 3 dólares mais barato que o produzido em qualquer outro país, trazendo grandes lucros para a empresa.

A Petroecuador ainda explora petróleo na Amazônia equatoriana
Mesmo com preocupação ambiental, os danos causados pela Texaco não serão recuperados

O aumento exponencial de casos de câncer e abortos na região chamaram a atenção das autoridades, e depois de décadas, finalmente o problema foi denunciado depois da saída da Texaco do país. Para minimizar os impactos, a empresa definiu em uma "negociação" com o governo equatoriano um "plano de saneamento" para a área afetada. O que a Texaco fez foi meramente aterrar alguns dos poços, fazendo menos de 1% do que seria necessário para causar algum impacto positivo na região.

Habitantes da região de Lago Agrio em protesto organizado contra a Chevron 

Porém, uma eficiente propaganda e propinas para pessoas-chave no governo fizeram com que o governo equatoriano na época considerasse o caso encerrado. Revoltados, os habitantes da região entraram com uma ação pública contra a Chevron (proprietária da marca Texaco), pedindo uma indenização bilionária. A Chevron já foi condenada em primeira instância, e agora o processo está na fase de apelações. Em caso de confirmação, a indenização pode ser de mais de 113 bilhões de dólares.

É isto que você encontra ao andar pela floresta na região de Lago Agrio

É por isto que devemos nos preocupar quando o governo brasileiro e a Chevron declaram que está tudo sob controle...



Saiba mais sobre o desastre ecológico no Equador em...

e sobre o vazamento na Bacia de Campos em Novembro de 2011...

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