Uma das propostas dos defensores da geoengenharia é criar "vulcões artificiais", lançando partículas na atmosfera que reduzam a...
Uma das propostas dos defensores da geoengenharia é criar "vulcões artificiais", lançando partículas na atmosfera que reduzam a intensidade da luz solar que chega ao solo. [Imagem: Alexander Belousov]
Geoengenharia é a manipulação deliberada, em larga escala, do ambiente planetário.
E os resultados mostram que a manipulação do clima pode resultar em algo muito diferente daquilo que todos querem para o planeta - mais especificamente, em um desastre certo.
Vários projetos de pequena escala têm tentado sair do papel, embora as autoridades venham proibindo experimentos geoengenharia mais audaciosos porque nem mesmo os próprios cientistas proponentes dessas medidas conseguem prever os resultados.
Isso, no entanto, pode resultar em efeitos adversos para a Terra e a humanidade, dizem outros.
Problema garantido
Neste último estudo, cientistas franceses, alemães, noruegueses e britânicos concluíram que o efeito mais certo das ações de geoengenharia seria a ruptura dos padrões globais e regionais de chuvas, produzindo um clima diferente de tudo o que Terra já viu.
O estudo mostrou que a pretensa "solução" da geoengenharia para as mudanças climáticas pode levar a mudanças climáticas drásticas, mais especificamente a uma redução significativa das chuvas praticamente no mundo inteiro.
O estudo mostrou como os modelos climáticos de uma Terra rica em dióxido de carbono quente - como a atual - respondem a uma redução artificial da quantidade de luz solar que atinge a superfície do planeta.
A tentativa de manipulação do clima resultaria em uma seca sem precedentes na Terra, afirmam os cientistas. [Imagem: Schmidt et al.]
Redução das chuvas
Os proponentes dessas ideias sugerem desde o uso de gigantescos para-sóis no espaço, até a produção de "vulcões artificiais", mecanismos que imitem os efeitos de grandes erupções vulcânicas, que lançam poeira na atmosfera que, em última instância, reduzem a incidência de luz na superfície de áreas específicas do planeta.
Isso resultaria, segundo o novo estudo, em uma redução na incidência de chuvas de 100 milímetros por ano, uma queda de 15% em relação aos índices pluviométricos pré-industriais. Isso ocorreria sobretudo em grandes áreas da América do Norte e Europa e norte da Ásia.
Enquanto isso, na parte central da América do Sul, todos os modelos mostram uma diminuição das precipitações que atingiriam mais de 20% em partes da Região Amazônica, com um efeito sobre a floresta difícil de calcular.
O nível global de chuvas apresenta uma redução de cerca de 5% em média em todos os quatro modelos estudados.
O resultado é compatível com um estudo anterior, que havia mostrado que aGeoengenharia pode desacelerar ciclo global da água.
Um outro estudo, não relacionado, mostrou que os experimentos de engenharia climática podem destruir o azul do céu.
Clima desastrado
"Os impactos dessas mudanças ainda precisam ser calculados, mas a mensagem principal é que o clima produzido pela geoengenharia é diferente de qualquer clima anterior, ainda que a temperatura média global de um clima anterior possa ser reproduzida," diz o Dr. Hauke Schmidt, principal autor do estudo.
"A engenharia climática não pode ser vista como um substituto para uma via política de mitigação das alterações climáticas através da redução das emissões de gases de efeito estufa," concluem os pesquisadores.
Bibliografia:
Solar irradiance reduction to counteract radiative forcing from a quadrupling of CO2: climate responses simulated by four earth system models
H. Schmidt, K. Alterskjaer, D. Bou Karam, O. Boucher, A. Jones, J. E. Kristjansson, U. Niemeier, M. Schulz, A. Aaheim, F. Benduhn, M. Lawrence, C. Timmreck
Earth System Dynamics
Vol.: 3, 63-78, 2012
DOI: 10.5194/esd-3-63-2012
Solar irradiance reduction to counteract radiative forcing from a quadrupling of CO2: climate responses simulated by four earth system models
H. Schmidt, K. Alterskjaer, D. Bou Karam, O. Boucher, A. Jones, J. E. Kristjansson, U. Niemeier, M. Schulz, A. Aaheim, F. Benduhn, M. Lawrence, C. Timmreck
Earth System Dynamics
Vol.: 3, 63-78, 2012
DOI: 10.5194/esd-3-63-2012
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