Agente do bloco soviético testemunhou o presidente americano cair em esquema de Moscou Se, como muitos esperam, o secretário de estado...
Agente do bloco soviético testemunhou o presidente americano cair em esquema de Moscou
Se, como muitos esperam, o secretário de estado norte-americano John Kerry fracassar assim como todos os outros líderes americanos que tentaram intermediar a paz no Oriente Médio, uma grande parcela disso se deve a um vestígio de influência de uma superpotência extinta.
Nicolae Ceausescu e Jimmy Carter na Casa Branca em 1978 |
Quando o primeiro-ministro soviético Leonid Brezhnev e seu diretor da KGB, Yuri Andropov, buscaram construir o prestígio internacional de Arafat como pacificador, eles convocaram o “tirano favorito” dos EUA, o ditador romeno Nicolae Ceausescu, para ir a Washington e convencer o presidente Jimmy Carter de que Arafat era um aliado confiável.
O chefe de espionagem de Ceausescu, Mihai Pacepa, acompanhou o ditador romeno naquela viagem a Washington em 1978, mesmo ano em que desertou para o Ocidente.
Ele lembra que Brezhnev e Andropov estavam convencidos de que o recém-eleito presidente americano iria “morder a isca”.
Pacepa conta a história em um novo documentário lançado pelo WND Film:“Disinformation: The Secret Strategy to Destroy the West.” (Desinformação: A Estratégia Secreta para Destruir o Ocidente).
O filme é acompanhado por um livro recém-lançado, “Disinformation: Former Spy Chief Reveals Secret Strategies for Undermining Freedom, Attacking Religion, and Promoting Terrorism,” (Desinformação: Ex-chefe de Espionagem Revela Estratégias Secretas para Minar a Liberdade, Atacar a Religião e Promover o Terrorismo”, de coautoria de Pacepa e Ron Rychlak.
Entre 1972 e 1978, Pacepa era assessor de Ceausescu em assuntos de segurança nacional e desenvolvimento tecnológico e assessor chefe do serviço de inteligência externa da Romênia.
Como conhecedor do bloco soviético, Pacepa trabalhou frente a frente com o chefe da KGB Andropov para desenvolver operações de desinformação elaboradas para subverter os EUA e espalhar o comunismo pelo planeta. O plano incluía incitar o ódio aos judeus, e por sua vez a Israel e aos EUA, para isso espalhando propaganda antissemita no Oriente Médio.
Arafat, segundo Pacepa, era “produto da ciência soviética da desinformação”.
A KGB, por exemplo, destruiu os registros do nascimento de Arafat no Egito e os substituiu por documentos fictícios que afirmavam que ele havia nascido em Jerusalém.
“Fiquei impressionado como a KGB chegou longe para transformar um marxista nascido no Egito em um terrorista nascido na Palestina, Yasser Arafat”, declara Pacepa no filme.
Ao longo de boa parte da década de 70, segundo Pacepa, ele foi responsável por dar a Arafat cerca de US$ 200.000 em dinheiro lavado todo mês.
‘Um grande líder de um grande país’
Pacepa se lembra de ter acompanhado Ceausescu a Washington, onde, segundo ele, o líder romeno “convenceu Carter de que ele poderia persuadir Arafat a transformar sua Organização pela Libertação da Palestina de uma organização terrorista em um governo no exílio cumpridor das leis".
Quando Ceausescu chegou, foi festejado por Carter como “um grande líder de um grande país”, de acordo com uma transcrição.
Mas um mês antes da reunião em Washington, Pacepa levou Arafat a Bucareste para instruções sobre como se comportar ao se encontrar com Carter.
“Você só precisa continuar simulando que irá se afastar do terrorismo e reconhecer Israel, repetidamente”, disse Ceausescu a Arafat.
Ceausescu, por sua vez, previu que o esquema de desinformação levaria a um Prêmio Nobel da Paz para Arafat e para ele próprio.
Em 1994, Arafat recebeu o prêmio, mas a premiação foi seguida de mais atos de agressão a Israel. Somente em 2002, conforme destaca o documentário, houve 13.000 ataques terroristas contra israelenses cometidos pela OLP.
Em suas declarações na cerimônia de boas vindas a Ceausescu em 12 de abril de 1978, Carter o elogiou declarando que devido ao “seu forte compromisso com a liberdade dos povos, a Romênia foi capaz de servir de ponte entre nações com visões e interesses amplamente divergentes e entre líderes que teriam dificuldades, em certas circunstâncias, de negociar diretamente um com o outro”.
Carter afirmou compartilhar a crença de Ceausescu de “aprimorar os direitos humanos” e “a liberdade de nossos povos”.
Declarou ainda que a Romênia “tem tido papel fundamental na busca dos objetivos” da Conferência de Helsinki sobre direitos humanos, principalmente em “construir os fatores de mútua confiança que podem permitir às nações da Europa Oriental e às da Europa Ocidental se entender melhor e construir uma confiança mútua por meio desse entendimento”.
Mas quando Ceausescu foi executado por uma corte popular junto com sua esposa politicamente poderosa, Elena, após uma sangrenta revolução em 1989, ele deixou um legado de governo totalitário megalomaníaco, no qual sua Securitate, sustentada por um exército de informantes cujo número chegou a ser de um a cada 20 romenos, infundia medo nas pessoas. O pensamento independente foi esmagado, conforme os muitos líderes cristãos que foram para a cadeia aprenderam em primeira mão. Enquanto os Ceausescus viviam uma vida luxuosa, o povo romeno era empobrecido por um opressivo sistema coletivista, no qual muitos morreram por falta de comida, aquecimento e remédios.
Alto preço
Pacepa desertou para os EUA em julho de 1978. Apenas dois meses depois, foi condenado a duas penas de morte.
Em setembro de 1978, o colérico Ceausescu colocou um prêmio de US$ 2 milhões para a morte de Pacepa. O próprio Arafat, junto com Muammar Gadhafi, colocaram um preço de mais de US$ 1 milhão pela cabeça de Pacepa.
Na década de 80, a polícia política romena (Securitate) contratou o famoso assassino Carlos, o Chacal, para assassinar Pacepa por US$ 1 milhão.
Carlos não conseguiu encontrar Pacepa, mas bombardeou o prédio da Rádio Free Europe (Europa Livre) em Munique, na Alemanha Ocidental, que havia transmitido notícias da deserção de Pacepa.
Em 1999, a suprema corte da Romênia cancelou as penas de morte a Pacepa e determinou a devolução de seus bens. O governo, no entanto, se recusou a cumprir a ordem.
Pacepa continua a viver nos EUA e se descreve como um orgulhoso cidadão americano.
Traduzido por Luis Gustavo Gentil do original do WND:Jimmy Carter was “duped by KGB plot”
Fonte: www.juliosevero.com
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