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A China poderá pôr fim à política de dois filhos, mas o que vem a seguir poderá ser igualmente mau

Não há assim tanto tempo que as autoridades chinesas se gabavam do sucesso do seu programa de controlo da população. Quando o ministro da...






Não há assim tanto tempo que as autoridades chinesas se gabavam do sucesso do seu programa de controlo da população.

Quando o ministro da Saúde chinês, Gao Qiang, visitou os EUA em 2011, informou com orgulho um grupo horrorizado de congressistas norte-americanos: “Eliminámos 400 milhões de pessoas da população. Eliminámos mais pessoas do que toda a população dos Estados Unidos.”

Agora ficámos a saber que o Partido está prestes a abandonar as restrições à natalidade. Pequim vai anunciar, talvez já no fim do ano, que as mulheres chinesas são livres de terem tantos filhos quantos desejarem.

Gostaria de pensar que o Presidente chinês, Xi Jinping, vai fazer isto porque ouviu – como eu ouvi durante o meu trabalho de investigação na China – os gritos das mulheres chinesas por serem forçadas a fazer abortos e esterilizações que não queriam. Ou porque está chocado com a matança de dezenas de milhões de bebés do sexo feminino através de infanticídio e aborto. Ou porque está perturbado com a visão dos homens “em excesso” que daí resultaram, 30 milhões, deambulando pelas cidades e vilas chinesas, e com a explosão do tráfico sexual e de outros crimes que vieram a seguir.

Mas suspeito que essas coisas não têm nada a ver com a decisão de Xi. Vendo bem, os líderes do Partido Comunista Chinês, a começar por Deng Xiaoping, há muito que acreditam que a China está sobrepovoada.

“Utilizem todos os meios que forem precisos para controlar a população da China”, disse Deng, alegadamente, aos seus altos funcionários em 1980. “Façam-no. Com o apoio do Partido não têm nada a temer.”

Os funcionários do Partido têm estado a “fazê-lo” às mulheres desde então. Cada ano durante os últimos 38 anos — na campanha política mais longa da história da RPC — prenderam, multaram, fizeram abortar e esterilizaram milhões de mulheres por violarem as regras aplicáveis à maternidade.

Xi está menos preocupado com o custo humano do vasto programa de engenharia social que herdou – talvez o mais ambicioso jamais tentado por um governo — do que com as suas consequências.

Sucede que não é possível eliminar 400 milhões de chineses— um dos povos mais produtivos e empreendedores do mundo – sem criar um buraco na demografia e nas perspetivas económicas.

Na realidade, a China inverteu o “teorema sombrio” de Malthus. Em vez de o crescimento da população ultrapassar a produção de alimentos, tal como Malthus previu, na China vemos o contrário. O que vemos é o controlo da população a enfraquecer a economia.

A população da China está atualmente a envelhecer, a sua força de trabalho está a diminuir e as suas perspetivas económicas estão a enfraquecer. De acordo com as projeções do Conselho de Estado no ano passado, cerca de um quarto da população da China terá 60 anos ou mais em 2030, uma subida em relação aos 13% de 2010. O país tinha falta de quase quatro milhões de trabalhadores em 2016, um número que irá aumentar todos os anos. O crescimento geral está a abrandar drasticamente, com a Kennedy School de Harvard a projetar um crescimento anual de apenas 4,4% durante a próxima década.

Xi Jinping invoca constantemente o seu Sonho Chinês, que consiste em ultrapassar os Estados Unidos na supremacia global. Com esse sonho atualmente ameaçado pela escassez de jovens, Xi decidiu aumentar a reprodução.

O seu primeiro passo nessa direção foi dado em 2015, quando ordenou que fosse permitido a todos os casais terem dois filhos. Contudo, o fim da política do filho único não produziu o "baby boom" esperado. Segundo o Serviço Nacional de Estatística da China, os nascimentos continuaram a diminuir, caindo 3,5% para 17,2 milhões só no ano passado.

Também não há nenhuma razão para pensar que o facto de se permitir aos casais conceber à vontade, em vez de ser a mando, vá fazer muita diferença. De facto, creio que o número de nascimentos na China vai continuar a descer drasticamente nos próximos anos. Tal irá refletir não só uma diminuição da população de mulheres em idade de procriação – recordemos que dezenas de milhões de bebés do sexo feminino nas suas coortes de nascimento foram mortos – mas também desejos de fertilidade mais baixos em geral. Atualmente a maioria das mulheres chinesas dizem que não querem mais do que um filho ou no máximo dois.

Esses números não são de todo suficientes para inverter o declínio demográfico que presentemente se faz sentir na China. Inverter esta espiral de morte e estabilizar a população exige que as relativamente poucas mulheres disponíveis, ou pelo menos muitas delas, tenham três ou mais filhos.

A “liberdade reprodutiva” que o Partido agora se propõe oferecer às mulheres poderá ser apenas um apeadeiro na via para algo muito mais sombrio – algo que se assemelha mais a servidão reprodutiva do que a liberdade reprodutiva. É pouco provável que o Presidente vitalício Xi Jinping assista impassível enquanto uma população envelhecida e uma força de trabalho em declínio descarrilam o seu Sonho Chinês de construir uma China moderna e poderosa até 2035.

Alguém duvida da vontade de Pequim de utilizar métodos coercivos e muitas vezes brutais para impor a sua vontade às massas? Se alguém duvidar, deve perguntar aos tibetanos, aos uyghurs ou aos ativistas de direitos humanos da China, que estão a desaparecer, qual é a experiência deles a esse respeito. Melhor dizendo, devem perguntar a qualquer uma das centenas de milhões de mulheres que sofreram devido às políticas das últimas quatro décadas.

O controlo do Estado sobre a reprodução é, de facto, um princípio há muito estabelecido na República Popular. O falecido Presidente Mao Tsé-Tung decretou no início da década de 1950 que seria o Partido e não as pessoas a decidir sobre o tamanho da família.

Alguém duvida que, se as mulheres chinesas não produzirem voluntariamente trabalhadores em número suficiente para o futuro industrial de alta tecnologia que Xi imaginou, este hesitaria em ordenar que a maternidade fosse obrigatória?

Se a próxima primavera de liberdade reprodutiva não produzir uma colheita abundante de bebés no outono, a ordem agora conhecida chegará: “Utilizem todos os meios que forem precisos para aumentar a taxa de natalidade”, dirá Xi Jinping aos seus altos funcionários. “Façam-no. Com o apoio do Partido não têm nada a temer.”

E pensavam vocês que " The Handmaid's Tale" [série de televisão] era ficção.

Steven W. Mosher, 21 Jun 2018

Steven W. Mosher é o presidente do Population Research Institute e autor de " Bully of Asia: Why China’s Dream is the New Threat to World Order"

Este artigo apareceu originalmente em Breibart.com

https://www.pop.org/mosher-china-may-end-two-child-policy-but-what-comes-next-may-be-just-as-bad/?bblinkid=101663227&bbemailid=8686920&bbejrid=661456705

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